Umas horas antes, estava tudo normal. Acordamos em meu apartamento, sorrimos um para o outro, erguemos a cortina azul- a minha favorita- e ficamos observando os pingos de chuva caírem sobre nossa cidade, nossa calçada, nossa janela, cair sobre nossa casa. Fomos juntos até sua casa, e ali ficamos um pouco. Eu amava você, de verdade. Amava quando ria de suas próprias piadas sem graça, amava quando cozinhava miojo e se achava o chef. Amava quando ficava me observando, e quando me agradava. Amava o seu sotaque que te entregava, a cidade era minha, mas ficou para que ela se tornasse nossa. Amei isto em você. Tudo bem se eu nunca dissesse, é que tenho medo de expressar sentimentos. O que não significa que não os tenho. Eu jurava que seria um dia como outro, mas nem tudo que começa bem, termina bem. 
          E foi assim que aconteceu...
          Eu estava ocupada, então me esqueci do SMS. Você sempre me mandava um para que eu me lembrasse de você. Como se fosse preciso, depois de tudo, eu ainda me lembro de você todos os dias. Meu celular vibrou dentro do carro, mas ignorei, porque queria chegar logo. Hoje era maratona de filmes de ação, nossos favoritos. O transito estava intenso, e meu celular vibrou mais uma vez. Eu o olhei. Era seu. Eu o abri. E quando o li, não acreditei. Parece que, de uma maneira linda- você era bom com as palavras- fui avisada que "As vezes, as coisas não tomam rumo esperado", não é isto? É, as vezes elas não tomam. Quando liguei 300 mil vezes para você e deixei 200 mil recados, não imaginava que era pra valer, até chegar em casa e perceber que a unica coisa sua que restou foi um filme de ação que você deve ter esquecido. Tudo bem, você só poderia estar louco. 
          Fui até seu prédio no qual fui impedida de subir por 'ordens'. Tudo sobre controle, o zelador era meu amigo. Eu subi as escadas, para não encontrar algum conhecido no elevador. A chave da porta, estava em minhas mãos, a fechadura era a mesma e eu podia ouvir sua voz. E outra voz.
          Respira...
          Quando entrei, você estava vendo um filme com o Tom Cruise, missão impossível, aquele mais novo. Ao seu lado esquerdo, uma porção de filmes; ao seu lado direito uma garota. Seu cabelo era loiro e vocês dois estavam abraçados. Do nosso jeito, vendo a nossa maratona. Felizmente você não me viu entrar. Seu Home Theater estava as alturas, e mesmo que estivesse me ouvido, estava escuro de mais. Mas não a ponto de não ver seu contato labial. 
          Eu só deixei o filme e dês de então, nunca mais te vi. Nem te ouvi nem nada do tipo. Até acho que você saiu da minha cidade. Mas tudo bem. Ou tudo mais ou menos. Sabe, passaram-se alguns meses, mas eu só queria te perguntar... Porque brincar assim? Eu não estava na hora de uma grande decepção, porque grandes decepções trazem grandes derrotas, e a minha derrota é naquilo que chamam de Amor.

                                                                                                     __Francielly Gomes



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